Beatriz Felício, tem 26 anos e não encontra explicação para o Fado ter entrado na sua vida - “Gostava de ter uma história melhor para contar, que vem de família, dos meus pais ou dos meus avós, mas não. É inexplicável”.
Em sua casa, “ouvia-se um pouco de tudo, mas não se ouvia fado”.
Aos 6 anos, descobriu Amália Rodrigues na televisão, a cantar “Vou dar de beber à dor”, e tudo mudou:
“Fiquei rendida, completamente apaixonada. Acredito que é alguma coisa mais forte do que a força física, tem que ser. A minha ligação ao fado é tão forte, tão densa, preciso mesmo de cantar”. Foi o suficiente para comunicar a decisão de vida à mãe: “Quero ser fadista”, 20 anos depois, não só é fadista, como tem o seu primeiro disco para partilhar.
“É aqui que vou mostrar aquilo de que sou feita, do que gosto, o que canto, o que faço, quem é a Beatriz Felício”.
“Sou da Damaia, a minha família mora toda lá”
Estudou na Amadora e foi também por lá que começou a cantar, primeiro em festas da escola, depois em restaurantes típicos e em formatos televisivos. Aos 17 anos, participou no Festival da Canção da RTP com um tema composto pelo músico e produtor Jorge Fernando e, em paralelo, tirou o curso de Psicologia na Universidade Católica Portuguesa - “Sempre quis ouvir e perceber os outros. Com a Psicologia, aprendi a desligar, aprendi que tinha que ser mais paciente."
”Foi também um acordo que fez com os pais, um plano B em paralelo à música."
Em 2021, o Prémio Novos Talentos Ageas confirmou o acerto das escolhas feitas. Foi a primeira fadista a ganhar a distinção e a notoriedade e o valor arrecadado permitiram que se concentrasse no que mais queria para a sua vida: cantar.
De lá, para cá, além de ser presença habitual em espaços míticos lisboetas como “Parreirinha de Alfama”, “O Faia”, “O Corrido” e “Fama de Alfama”.
Beatriz Felício continuou a respeitar as suas referências (Amália Rodrigues, Fernanda Maria, Lucília do Carmo… etc), lançou o primeiro single (“A canção da Bia”, 2023) e agora fez chegar ao mercado o primeiro álbum que tem o seu nome próprio “Beatriz Felício” Produzido por Ângelo Freire -“que me conhece de pequenina e conseguiu tirar o melhor de mim”, o álbum conta com letras do poeta e fadista António Rocha, do cantautor Carlos Leitão, dos fadistas Teresinha Landeiro, Hélder Moutinho e Tiago Correia, Ana Lúcia, dos músicos Paulo Valentim, Nuno Figueiredo, de Fernando Gomes e de Francisco Guimarães, ou da cantautora Cátia Oliveira, A Garota Não.
“São visões completamente diferentes da minha pessoa e da vida. É aqui que vou mostrar aquilo de que sou feita, do que gosto, o que canto, o que faço, quem é a Beatriz Felício".
Ao público, deixa uma garantia: “Todas as escolhas foram feitas com um fundo de verdade. Com 26 anos, já tenho uma grande mala cheia, que passou a ser um disco com uma história para contar."
Com uma felicidade imensa conta que em 2024 foi convidada pelo Fadista Camané para cantar em dois concertos, na Culturgest e no palco principal do Santa Casa Alfama.
Já no início do ano de 2025 foi também convidada pelos D.A.M.A para cantar no Meo Arena.